Mensagem do dia 21-01-2009
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas
que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco, você levou para
conhecer a sua mãe e ela foi de blusa transparente. Então?
Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa
imobilizado, o beijo dela é viciante e você adora brigar com ela e ela adora
implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga,
ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana
nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para
príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Por que você
ama este cara ? Não pergunte pra mim.
Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. É bonita.
Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas
as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco.
Com um currículo desses, criatura, por que diabo está sem um
amor? Ah, o amor, essa raposa.
Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação
matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim.
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso
contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de
pretendentes batendo à porta.
O amor não obedece à razão. Ama-se pelo cheiro, pelo
mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Amar não
requer conhecimento prévio. Ama-se justamente pelo que o amor tem de
indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons
motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do
jeito que o amor da sua vida é.
* Texto extraído do livro "Ame e dê Vexame", Editora Novo Paradigma
Mensagem do Dia Ana Maria Braga